MÉDICOS DE PLANOS DE SAÚDE ENTRAM EM GREVE EM TODO BRASIL.
A partir desta quarta-feira (10), médicos
dos planos de saúde de todo o País iniciam uma greve de 15 dias em defesa de
reajuste médio de 50% na tabela de serviços e o fim do que chamam
"intervenções antiéticas", que as operadoras estariam exercendo sobre
os profissionais para baixar os
custos dos tratamentos em prejuízo dos pacientes.
Os serviços de urgência e emergência não
serão afetados, mas as consultas e a chamada assistência eletiva, mesmo
marcadas com meses de antecedência, serão reagendadas para depois da greve.
Em sete Estados (Acre, Amazonas, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Rondônia), a
paralisação vai atingir todos os convênios.
Em outras oito unidades da Federação, entre
elas São Paulo, a greve atingirá seletivamente as operadoras que não fecharam
acordo. No caso paulista, serão afetados os planos Golden Cross, Green Line,
Intermédica, Itálica, Metrópole, Prevent Sênior, Santa Amália, São Cristóvão,
Seisa, Tempo Assist, Trasmontano e Universal.
Os outros Estados que terão paralisação
seletiva são: Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do
Sul e Santa Catarina. Em cinco unidades (Amapá, Ceará, Distrito Federal, Pará e
Roraima), a categoria decidiu fechar acordo com as operadoras e, a princípio,
não haverá paralisação. Nas outras sete (Alagoas, Espírito Santo, Paraíba,
Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe e Tocantins), a adesão será decidida em
assembleias na terça-feira (9) e quarta-feira (10).
Em
entrevista, o vice-presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina ), Aloísio Tibiriçá, explicou
que a paralisação foi inevitável diante da intransigência das operadoras na
relação com os médicos e da deterioração da qualidade do atendimento aos
usuários.
Ele disse que está havendo evasão de
profissionais e que o sistema caminhará para o caos se não houver intervenção
do poder público.
—
Estamos caminhando para um apagão na saúde suplementar. O médico hoje é tratado como o boia-fria
da saúde.
Por consulta, o médico recebe das
operadoras, em média, R$ 45. A proposta da categoria é que os valores sejam
fixados entre R$ 60 e R$ 80, conforme a complexidade da área. A categoria pede
também a criação de um indexador que permita o reajuste da tabela de serviços
com a mesma periodicidade do aumento na mensalidade dos usuários.
Eles exigem ainda o fim das intervenções
das operadoras na autonomia da relação médico-paciente, além do estabelecimento
de sistema de contrato com o mínimo de garantias aos profissionais.
Hoje, segundo Márcio Bichara, secretário de
Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos, o repasse dos reajustes
das mensalidades dos convênios não está sendo feito aos médicos.
De 2000 a 2011, os reajustes autorizados
pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) às operadoras somaram 150,89%,
mas apenas 65% foram repassados aos médicos. No período, o IPCA teve variação
de 119,8%.
Segundo Tibiriçá, o setor de saúde
suplementar passa por grave crise de credibilidade. Levantamento do CFM mostra
que 2 em cada 10 pacientes dos planos estão buscando atendimento no SUS
(Sistema Único de Saúde) — a deterioração do atendimento dos planos tem causado
filas cada dia mais semelhantes às do SUS.
— Os planos boicotam os tratamentos de alto
custo, abreviam internações e pressionam os médicos a adotar medidas de
contenção que ameaçam a eficácia do tratamento dos pacientes.
Pesquisa recente realizada pela APM
(Associação Paulista de Medicina) revelou que 8 em cada 10 pacientes tiveram
problemas no atendimento nos últimos dois anos. Em todo o País, essa proporção
representa um total de 40 milhões de pacientes, num universo de 50 milhões de
usuários de planos de saúde. Em 65% dos casos, o problema ocorreu no
agendamento de consulta, devido à escassez cada vez maior de profissionais.
Segundo Tibiriçá, "a evasão de médicos
atinge níveis preocupantes".
FONTE: R7
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este espaço é seu, faça uso.