AGENTES DE SAÚDE PRECISAM
IDENTIFICAR TRANSTORNO MENTAL.
Pesquisadora constatou diferentes formas de identificação do transtorno mental
Para que um usuário do Programa “Estratégia
Saúde da Família” tenha acesso a tratamento na área de Saúde Mental, é essencial a identificação da doença
pelo Agente Comunitário de Saúde.
Entretanto, segundo pesquisa na Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, falta uma linguagem comum à equipe
para que a doença seja identificada com mais facilidade.
O estudo foi realizado pela enfermeira
Tatiana Maria Coelho Veloso com 16 profissionais vinculados à equipe de
Estratégia da Saúde da Família na Unidade Básica de Saúde, da cidade de
Guaiúba, Ceará, entre janeiro e fevereiro de 2011. Ela identificou e analisou
as ações de saúde mental desenvolvidas por profissionais da equipe, entre eles,
médico, enfermeiro, dentista e agentes comunitários.
Chamou a atenção da pesquisadora repetição
constante do uso de psicotrópicos e da consulta médica como aspectos centrais
da assistência em saúde mental. Ela explica que não “questiona a importância
dessas condutas, mas a exclusividade delas como forma de cuidado”.
Diferentes identificaçõesEntre as diferentes formas utilizadas para a
identificação do transtorno mental, ela verificou que alguns profissionais se
baseavam na observação da manifestação comportamental, enquanto outros faziam o
diagnóstico pela utilização de medicamentos psicotrópicos. Segundo a
pesquisadora, essas informações são frágeis para a identificação do transtorno,
pois está no contato com o paciente e sua família o êxito das ações de saúde
mental, “mas é preciso melhorar o processo de identificação e para isso falta
uma linguagem comum à equipe”, relata Tatiana.
Os Agentes Comunitários de Saúde foram
citados como importantes na identificação e acolhimento inicial do sofrimento
mental, uma vez que integram a comunidade atendida. Apesar disso, dificuldades
nessa relação do agente com a comunidade foram observadas pelo estudo. Tatiana
comenta que algumas famílias podem apresentar resistência quanto ao papel do
agente. “Em alguns casos, pode haver falta de confiança no trabalho deles ou da
equipe, e medo de ter sua privacidade invadida. Além disso, o transtorno mental
e suas manifestações ainda são vistos com forte estigma, dificultando a busca
por ajuda, e, consequentemente, a realização do tratamento necessário”,
explica.
Como ponto positivo, os Agentes destacaram
a escuta como uma forma de cuidado em saúde mental. “Essa atividade é realizada
nos atendimentos em consultório, nas visitas domiciliares ou nos ambulatórios e
recepções. Mesmo a equipe demonstrando utilizar a escuta em seu cotidiano, esta
ação ainda é uma atividade secundária em processo de valorização”, avalia.
Reconhecimento de ações em saúde mentalPara a pesquisa, Tatiana utilizou o método da observação
e avaliou as ideias que permeavam o termo saúde mental. “Não havia uma
definição única entre os profissionais; como eles reconheciam no dia a dia as
pessoas ou familiares com necessidade de intervenção no campo da saúde mental;
os caminhos vividos pelos pacientes após esse reconhecimento e algumas
particularidades que envolviam o cotidiano do serviço, como a utilização dos
psicotrópicos e a escuta”.
Na avaliação de Tatiana, o reconhecimento
que a equipe tem de suas ações, tendo como objetivo a demanda em saúde mental,
não foi uma tarefa fácil. “Os profissionais pareciam não reconhecer, em suas
próprias práticas, onde e como eles trabalhavam questões relativas à saúde
mental. Mas apesar da dificuldade inicial, a equipe apresentou e discutiu
algumas formas utilizadas para realizar essa identificação”.
O mestrado Ações de saúde mental desenvolvidas no cotidiano de uma
equipe de Estratégia Saúde da Família: possibilidades e limites foi orientado pela professora Maria
Conceição Bernardo de Mello e Souza, da EERP, e defendida em maio deste ano.
Camila Ruiz, da Assessoria de Imprensa da
EERP email imprensa.rp@usp.br
Mais informações: (16) 9702.8947, emailtatimcveloso@yahoo.com.br, com Tatiana
Maria Coelho Veloso
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este espaço é seu, faça uso.